Apesar da alta de 1 ponto em relação a novembro, índice se manteve bem abaixo dos anos de 2015 (219 pontos) e 2014 (80 pontos)
O Índice de Negativação do Comércio (INC) apurado pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) encerrou o mês de dezembro em 35 pontos, 1 acima do indicador de novembro, confirmando a tendência de alta observada desde o mês de setembro de 2016.
Normann Kallmus, economista-chefe da ACICG diz que a situação, no entanto, não é crítica. “Lembramos que em dezembro de 2014 esse indicador era de 80 pontos, e chegou a 219 em 2015, reforçando a tendência de estabilização em patamares mais baixos, que já verificamos nos Boletins anteriores. Ainda assim, deve ser considerado como um ponto de atenção pela incipiente recuperação dos indicadores. As incertezas derivadas do comportamento da economia continuam promovendo uma redução do consumo e, em consequência, uma inadimplência menor”, analisa.
O gráfico abaixo ilustra o fato. A linha vermelha voltou a situar-se nos níveis históricos apresentados antes de 2014. “Mais um sinal de que estamos deixando para trás a irresponsabilidade financeira”, de acordo com Kallmus.
Ainda no mês de dezembro, o Índice de Recuperação de Crédito (IRC) foi de 62 pontos, contra 47 em novembro, registrando um importante crescimento de 15 pontos. “Mesmo sem a ocorrência de ações promocionais como a campanha “Nome Limpo”, a população demonstra estar mais consciente. Até o mês setembro, a manutenção do nível de IRC num padrão confortavelmente superior ao do INC indicava que as famílias estavam recuperando o equilíbrio econômico. Em outubro e novembro esses indicadores praticamente se equivaliam, mas em dezembro voltaram a melhorar os indicadores de recuperação, com uma redução de mais de 1.300 títulos no estoque de inadimplidos”, explica Kallmus.
As notificações emitidas totalizaram 5.540 (5.412 de CPF e 128 de CNPJ) contra 5.352 em novembro, registrando um crescimento de 3,4%. O economista da ACICG atribui a melhora no índice de Recuperação de Crédito à disposição do consumidor em manter o seu crédito.
Análise da Conjuntura – Por Normann Kallmus[1]
Mudou o ano e, com ele, tendemos a ver renovadas as esperanças em melhores dias. Na prática, no entanto, nada se dá de forma tão automática simplesmente porque iniciamos um novo calendário.
A aprovação da PEC 241 afastou a possibilidade de um impacto negativo imediato, mas embora fosse essencial, sozinha não resolverá o problema do país, que está quebrado. Com Renan fora da presidência do Senado, deve arrefecer a tensão entre os poderes, mas ainda resta a absolutamente essencial reforma da previdência para ser aprovada, sem a qual, não haverá alternativa para a quebradeira de todos os estados.
A inflação está convergindo mais rápido que o esperado para a meta do BC, mas os indicadores de desempenho da indústria continuam praticamente estagnados, com um crescimento de somente 0,2% em novembro, o que significou que bens duráveis e de produção não fizeram parte dos presentes de
fim de ano.
Essa análise está em linha com a constatação de que o número de consultas ao serviço de proteção ao crédito da ACICG foi o mais alto desde dezembro de 2012, indicando que os valores das compras individuais foram menores do que em anos anteriores.
Mas como águas passadas não movem moinhos, o importante é olhar para frente e tentar entender o que está para acontecer e finalmente os ventos nos parecem favoráveis.
No plano internacional, as peripécias de Donald Trump ao tirar os EUA do Tratado Trans-Pacífico podem nos render boas oportunidades porque não existe vazio de poder e poderemos finalmente nos valer de um erro estratégico deles. A lua de mel de Trump com o Congresso vai ser curta. Vamos lembrar também que em 2015 um acordo entre democratas e republicanos possibilitou que a dívida americana ultrapassasse o limite legal. Esse acordo termina em 16 de março e ele pode bater o topete no teto.
Na esfera federal nacional, a forte queda dos juros, embora não resolva o problema, cria condições para que a economia se desenvolva.
A economia da capital deverá ser fortemente afetada pelos movimentos da gestão municipal. A solução de alguns problemas crônicos e a disposição para
compor um programa de recuperação consistente, darão à nova equipe um voto de confiança da sociedade como um todo e dos empresários, em especial.
Não é coerente esperar do governo municipal nenhum investimento significativo, pelo menos durante o primeiro ano da gestão, que deverá focar no reequilíbrio das finanças e, na melhor das hipóteses, na busca de investimentos externos, o que já é ótimo.
Não temos um céu de brigadeiro ainda, mas a tempestade parece estar se afastando.
[1] Normann Kallmus é economista-chefe da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), especialista em Gestão do Conhecimento (COPPE/UFRJ), Administração de Projetos Logic-Frame (BID) e Educação Ambiental (SENAC).