Índice de Negativação do Comércio, produzido pela ACICG, atingiu 30 pontos em abril, contra 199 no mesmo período de 2015
O boletim produzido pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) para estudar a inadimplência na cidade atestou, no mês de abril, a tendência de queda no Índice de Negativação do Comércio (INC), que vinha caindo desde o mês de fevereiro. O Índice de Recuperação do Crédito (IRC) também apresentou queda em relação a 2015, explicada pelo fato de as pessoas estarem consumindo e se endividando menos, requisitando assim menos crédito ao mercado.
Metodologia – Considerando que a sazonalidade é uma característica da atividade comercial, tanto o INC quanto o IRC foram desenvolvidos com base fixa definida pela média do desempenho do ano de 2014. Portanto, os valores acima de 100 pontos são os que ultrapassam a média obtida no ano de 2014, e os valores abaixo de 100 estão aquém da média.
INC – O Índice de Negativação do Comércio apurado pela ACICG (INC/ACICG) encerrou o mês abril em 30 pontos, exatamente o mesmo indicador de abril de 2014, e com decréscimo de 169 pontos em relação a abril de 2015. “Nota-se claramente uma trajetória de redução desse indicador, sobretudo a partir de fevereiro. Não há nenhuma dúvida em relação às causas desse movimento, pois com as incertezas derivadas do comportamento da economia, as famílias reduziram severamente o consumo e passaram a priorizar a regularização de seus compromissos, resultando em redução nas negativações registradas”, analisa o economista da ACICG, Normann Kallmus.
O economista diz que em 2015 os consumidores buscaram equilibrar seus orçamentos no decorrer do ano, diferentemente do que aconteceu no segundo semestre de 2014, início do período em que ficaram evidentes os sinais de queda do desempenho da economia brasileira. “Apesar do “soluço” registrado em janeiro de 2016, o INC dos meses seguintes parece indicar que esse comportamento irá se manter no ano em curso”, acredita.
IRC – Em abril, o Índice de Recuperação de Crédito foi de 71 pontos, contra 190 em abril de 2015 e 58 em 2014. “O que pode à primeira vista parecer preocupante, visto tratar-se de uma queda significativa em relação aos períodos anteriores, acaba sendo compensado pelo fato de que a atividade do comércio como um todo também apresentou queda, e a tendência de negativação está ainda mais reduzida. Trocando em miúdos, por estarem se endividando menos, as famílias estão buscando menos recuperação do crédito”, explica Kalmmus.
Segundo ele, embora seja decrescente, a situação ainda é preocupante uma vez que o estoque da dívida é considerável em função do comportamento anômalo do final de 2014. “Ainda que tanto o INC quanto o IRC estejam em queda, a negativação permanece bastante aquém da recuperação do crédito”, completa.
Pontos de atenção – O economista da ACICG alerta que empresário deve estar atento a alguns aspectos que podem se constituir em ameaças ou oportunidades aos negócios nas próximas semanas. Na esfera federal, o impeachment afastará as condições para discutir-se aumentos ou criação de novos tributos antes que sejam apresentados resultados da nova equipe econômica, como tem se confirmado nas entrevistas do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
A queda do Movimento do Comércio Varejista (MCV/ACICG) de abril, deverá garantir um Índice de Negativação do Comércio (INC) em níveis baixos em maio. “A volta do crescimento da inflação reportada no IPCA- 15 (IBGE) poderá, no entanto, pressionar negativamente os orçamentos familiares, comprometendo a capacidade de pagamento. No nível estadual a insistência do governo em justificar o aumento da carga tributária para viabilizar investimentos, continuará trazendo enorme custo para a economia local, o que pode ser claramente verificado a partir da constatação da redução do Movimento do Comércio Varejista de Pessoa Jurídica (MCV-PJ) já demonstrado”, finaliza Normann Kallmus.
O boletim na íntegra bem como a pesquisa sobre o Movimento do Comércio Varejista podem ser consultados no site www.acicg.com.br