Índices ainda se mostram baixos quando comparados a anos anteriores; economista aponta as altas tarifas estaduais como parte do problema
A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) apurou por meio de seu Boletim Econômico que, no mês julho, o índice do Movimento do Comércio Varejista (MCV) foi de 92 pontos, 1 acima do resultado verificado no mês de junho, e 19 pontos abaixo do mesmo mês em 2015, quando registrou 111 pontos. “Tradicionalmente julho, mês de férias escolares, apresenta uma tendência de pequena alta do MCV em relação a junho. A variação de 91 para 92 não é exatamente razão para comemorações, mas devemos considerar que em janeiro o MCV era de somente 74, e que o número está crescendo desde fevereiro”, explica o economista da ACICG, Normann Kallmus.
O MCV/ACICG é um índice apurado a partir da evolução dos dados do setor, englobando as transações realizadas entre empresas e também entre consumidores e o comércio. Considerando a sazonalidade característica da atividade comercial, o MCV foi desenvolvido com base fixa definida pela média do desempenho do ano de 2014. O Índice é composto de dois outros sub índices que ajudam a avaliar sua evolução: o MCV-PF, que analisa as transações entre Pessoas Físicas e as empresas do setor terciário, e o MCV-PJ, que avalia as transações entre as empresas.
Conforme o levantamento, o MCV-PF de julho foi de 95 pontos, 3 acima do registrado em junho. “Esse dado contrasta com os 112 pontos apurados em julho de 2015, e 106 em 2014. “Na comparação com os anos anteriores, portanto, continuamos abaixo do desempenho histórico”, ressalta Kallmus.
Também em queda, o MCV-PJ foi de 75, demonstrando uma contração de 11 pontos em relação ao mês de junho (86). O mesmo indicador de julho dos anos anteriores foi de 100 em 2015, e 113 em 2014. “Percebe-se claramente que o comportamento do MCV-PJ ainda persiste em níveis mais baixos e não responde de forma similar ao MCV-PF. Especialmente em julho deveríamos sentir um crescimento nesse indicador em função da preparação para a volta às aulas, o que evidentemente não ocorreu”, analisa o economista.
Normann Kallmus diz que esse cenário é o reflexo da política tributária praticada no estado. “O “tarifaço” aplicado em janeiro inviabilizou alguns segmentos, em especial aqueles relacionados a Tecnologia da Informação (TI) e papelaria. Ainda resta alguma esperança de que, embora seja improvável, as transações entre as empresas tenham somente sido postergadas, o que só será estabelecido com mais certeza a partir do fechamento dos indicadores do mês em curso, mas, ao que parece, a inflação de custos, que restringe a demanda, a redução do número de estabelecimentos comerciais na base territorial e o aumento da carga tributária estadual, continuam freando a reposição de estoques e derrubando esse indicador”, avalia.
O aumento da inflação em julho, que no segmento de alimentos chegou a 2% e, na média, a 0,52%, continuam a pressionar pela manutenção da taxa de juros básicos, impactando negativamente a velocidade da retomada do crescimento da economia. “O Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) já foi absorvido pelo mercado e os bons resultados da economia americana parecem favorecer a política econômica que, no entanto, não vem conseguindo reduzir a inflação, nem promover a retomada do crescimento, sem o qual, não teremos incremento na taxa de emprego e, em consequência, no desenvolvimento do varejo”, finaliza o economista da ACICG, Normann Kallmus.