A campanha Agosto Lilás, que tem o objetivo de discutir temas relacionados ao enfrentamento da violência contra as mulheres em suas diversas formas, tem chamado a atenção e engajado lideranças empresariais da Capital. A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, por meio do Conselho da Mulher Empresária e Executiva, está apoiando a iniciativa e atuando na sensibilização e conscientização da sociedade sobre esta importante causa. Há 15 anos, o enfrentamento à violência contra a mulher ganhou força com a aprovação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), hoje considerada a legislação de referência em todo o mundo no combate à violência doméstica e familiar ao público feminino. Mas, mesmo com avanços legais que garantem punições mais severas, a realidade preocupa. Segundo a pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos diz ter sofrido algum tipo de violência ou agressão, no Brasil em 2020. A proporção corresponde a 17 milhões de vítimas de violência física, psicológica ou sexual. Em Mato Grosso do Sul, de acordo com a Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres do Estado, os crimes contra a vida de mulheres subiram significativamente durante a pandemia. Houve aumento de 33% dos números de feminicídios, comparando 2020 com 2019, com alta de 120% na Capital. Para a delegada Rosely Molina, integrante do Conselho da Mulher da ACICG e ex-titular da Delegacia de Especializada no Atendimento à Mulher, as empresas podem colaborar no enfrentamento à violência contra as mulheres e, ao mesmo tempo, fortalecer a sua responsabilidade social. “Os empresários e empresárias são agentes transformadores na sociedade e conseguem atuar como disseminadores de informação, sensibilizando sobre esse tema no ambiente de trabalho. Temos várias empresas no país que estão engajadas nesse combate à violência doméstica”, afirma. Ações como palestras educativas, entrega de materiais informativos, cartazes em murais, conteúdos em canais de comunicação interna, projetos de apoio psicológico e acolhimento são algumas estratégias que os estabelecimentos comerciais podem adotar para sensibilizar seus colaboradores sobre o assunto. Para a diretora da ACICG e membro do Conselho da Mulher Empresária e Executiva, Leni Fernandes, apesar de as políticas públicas de enfrentamento à violência terem evoluído, o cenário precisa melhorar para que as mulheres sejam mais respeitadas. “Para quem está de fora pode parecer fácil se livrar das agressões, mas na verdade o caminho para acabar com este tipo de sofrimento e denunciar os agressores nem sempre é simples. Muitas mulheres dependem financeiramente e emocionalmente do parceiro e pode demorar anos ou até uma vida inteira para fazer a queixa. Mas, como diz Maria da Penha: quando a violência termina, a vida recomeça. Por isso, não se cale diante de tais agressões, denuncie!”, enfatiza. A denúncia de violência contra a mulher pode ser feita em delegacias e órgãos especializados, onde a vítima procura amparo e proteção. O Ligue 180, central de atendimento à mulher, funciona 24 horas por dia, é gratuito e confidencial. O canal recebe as denúncias e esclarece dúvidas sobre os diferentes tipos de violência aos quais as mulheres estão sujeitas.