Por Por João Carlos Polidoro – Presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande
Estamos vivenciando um período de transformações no Brasil, um bom momento para refletir se estamos participando plenamente ou apenas olhando e esperando que tudo aconteça.
Testemunhamos crises ética, política, econômica e social, falta de credibilidade interna e externa, e níveis alarmantes de corrupção, praticada por indivíduos que têm a certeza da impunidade. Mas de quem é a culpa? Será dos políticos, gestores ou agentes que escolhemos para os cargos públicos? Ou nossa, por não exercemos a cidadania em sua totalidade?
É preciso participar ativamente das decisões que nos atingem e, para isso, não basta escolher um político em época de eleição, votar nele e esquecê-lo. O tempo todo, temos que cobrá-lo e assisti-lo para que desenvolva seu trabalho com foco no bem comum e não para interesses próprios pensando na próxima eleição, ou para garantir “eternamente” sua permanência no poder.
No congresso nacional em Brasília, nas assembleias legislativas nos estados, nas câmaras de vereadores nos municípios e nos poderes executivos em todas as esferas, colocamos pessoas que representam a sociedade com suas virtudes e mazelas, ou você acha que eles não vão praticar o que, culturalmente, estão acostumados a ver e fazer na comunidade de onde saíram?
Sabe aquela atitude de levar vantagem em tudo? Para muitos é normal ter atitudes como: estacionar em vaga reservada a deficientes, idosos e grávidas, furar fila, fazer “gato” em energia elétrica, água, internet, TV a cabo, pedir atestado de saúde para faltar ao trabalho. Começa aí a corrupção que assola o país e mata pessoas em filas de hospitais, tira o futuro das crianças que não têm acesso à educação, extingue recursos que dariam infraestrutura para um transporte público de qualidade e eficiente, entre muitos outros serviços e investimentos que melhorariam a vida da população.
Tudo parece algo sem importância, mas vai banalizando o que é certo e errado, confundindo uma geração inteira que está sem rumo, pois não sabe quais são os valores reais da honestidade, retidão e respeito às leis e regras de comportamento para se viver em sociedade, sem contar, aqueles que ficam dependentes do assistencialismo dos governos, não querem trabalhar, estudar ou viver com dignidade e por seus próprios meios, para não perderem a “boquinha” de benesses.
É chegada a hora de mudar nosso comportamento e atitude se quisermos realmente o fim da corrupção e da impunidade. É necessário agir com retidão e dar o exemplo não aceitando agir ou ser envolvido de forma corrupta e antiética, naqueles detalhes que, muitas vezes, julgamos ser sem importância. Temos de pensar que, quando agimos de forma desonesta, alguém sofre consequências, enquanto me sinto bem pela ação que fiz, o outro está sendo prejudicado. É preciso comportar-se com humanidade e decência em todos os aspectos, afinal, somos seres sociais e precisamos aprender a viver corretamente em comunhão.
Sejamos o agente das mudanças que queremos, não devemos terceirizar a nossa cidadania. Não podemos ficar na zona de conforto esperando que tudo se resolva sem a nossa participação ativa, pois a sociedade, para funcionar de forma justa, precisa da ação cooperativa de todos os seus indivíduos em seus diferentes setores, sejam eles públicos ou privados, sempre colocando a ética e a decência em primeiro plano.