Por Normann Kallmus[1]
Como comentamos anteriormente, a PEC 241 era essencial para fazer com que os governantes prestassem atenção aos orçamentos, o que aparentemente começa a ocorrer, mas os resultados ainda são tímidos e, muitas vezes, as soluções encontradas são dissociadas da realidade.
Mais uma vez isso ocorreu no governo do estado, com outro aumento no MVA promovido em janeiro, resultando em uma carga ainda maior sobre o consumidor e, na prática, reduzindo a competitividade da empresa local.
Os movimentos do presidente Temer, indicando aliados para cargos com foro privilegiado, não ajudam em nada a melhorar a imagem do país. Da mesma forma, a crise da segurança pública e a tentativa de alguns governadores de transferir ao governo federal o ônus de sua irresponsabilidade fiscal, só colaboram para insegurança jurídica que afasta investimentos.
É essencial que os governos compreendam que sua capacidade de ampliar gastos estará comprometida pelos próximos anos. Ou a iniciativa privada toma a si essa tarefa, inclusive em relação à infraestrutura, ou só veremos se agravar o atual quadro.
Conquanto estejam sendo encaminhados os processos das reformas previdenciária e trabalhista, a insistência de agentes políticos buscando preservar-se em relação às descobertas da Lava-Jato compromete os resultados frágeis obtidos até agora, mantendo a incerteza sobre a capacidade do governo em estabelecer bases seguras para os investimentos.
A inflação de 0,38% de janeiro reforça a convergência para a meta do Banco Central, mas os indicadores de desempenho da indústria continuam praticamente estagnados. No nível municipal, como se verifica no gráfico, não se sustenta a alegação de que foram reduzidos os repasses do governo do estado ao município. Pelo contrário, os repasses em 2016 foram em muito (105%) superiores aos valores de 2015, o que definitivamente afasta a justificativa de falta de recursos para manter o funcionamento da máquina, por vezes utilizado pela administração anterior.
A economia da capital deverá ser fortemente afetada pelos movimentos da gestão municipal. O desenvolvimento de propostas inovadoras e a recuperação das estruturas de gestão, bastante comprometidas nos últimos anos, poderá fazer com que o município passe a gozar de maior resiliência e, com isso, ver minimizados os reflexos dos problemas nacionais e estaduais.
[1]Normann Kallmus é economista-chefe da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), especialista em Gestão do Conhecimento (COPPE/UFRJ), Administração de Projetos Logic-Frame (BID) e Educação Ambiental (SENAC).